Eu toco, tu tocas

Tocamos o tempo todo.

Tocamos com nossas palavras, com nosso tom de voz. Tocamos com o olhar. Tocamos com a roupa que vestimos. Tocamos com a música que escutamos alta e deixamos chegar até o outro. Tocamos com o silêncio. Tocamos também com as mãos, com um abraço mais próximo ou mais formal, tocamos com um beijo de verdade no rosto ou com bochechas que mal se encostam ao cumprimentar.

Tocamos com um gesto no trânsito. Estamos nos tocando o tempo todo. Tocamos em quem conhecemos, amamos, tocamos também naqueles que vemos rapidamente durante uma tarefa básica do dia, como comprar algo no mercado.

É impossível fugir ao toque do outro. É também impossível não tocar.

E assim o é, porque somos seres que necessitamos de toque desde o nosso nascimento. Sim, pois antes estamos envolvidos pelo calor do útero materno e, portanto, tocados totalmente por ele.  E tocando intensamente o corpo e a vida que nos abriga. Somos seres que necessitamos da relação para viver.

Claro que cada um em um nível, em uma intensidade, tudo muito singular. Mas não podemos fugir disso. Isso está em nós.

E quando saímos da faculdade para atender, no consultório principalmente, saímos cheios de “não podes”.

Concordo absolutamente que a relação terapêutica “não pode” cair no lugar de uma relação comum, daquelas em que vai se criando intimidade e saindo pra pegar um cineminha ou fazer um happy hour depois da sessão. Por toda a singularidade dessa relação, ela precisa sim ser cuidada. Se ela cair num lugar comum, perde o sentido de existir.

O toque ainda é um tabu para muitas abordagens psicoterapêuticas, talvez com o medo de se envolver com o paciente, de se misturar, de invadir, enfim. Mas o que não se pode negar é que o psicoterapeuta toca o paciente de infinitas formas durante uma sessão.

E as palavras, olhares, gestos, posturas, se não forem cuidadosas, podem invadir muito mais do que um toque preciso, com intenção adequada e finalidade de contribuir no processo terapêutico.

Uma necessidade humana básica


Nós, humanos, quando nascemos somos totalmente dependentes do cuidado de outro humano – mais experiente -  para sobrevivermos.

Enquanto bebês, chegamos ao mundo aqui fora ainda bastante imaturos e nos deparamos com uma infinidade de “coisas” para nos adaptarmos. Um ambiente totalmente novo, repleto de estímulos, com os quais até vamos nos divertir muito algum tempo depois, mas na chegada... Barulhos, luzes, cheiros, temperatura oscilante.

Sem contar essas sensações estranhas de ter que respirar e esse incômodo chamado fome. Lá dentro tudo era saciado sem ter a sensação da falta. O bebê era constantemente envolvido pelo útero da mãe e embalado no movimento natural do seu corpo.

Nessa fase, tudo é sentido intensamente e ele precisa da mãe, ou alguém que desempenhe esse papel - figura materna. Isso é necessário para lhe garantir passar por esse momento da maneira mais acolhedora possível. Os cuidados maternos adequados são tão indispensáveis quanto o leite para o desenvolvimento saudável do bebê. Eles precisam da proteção, do calor, da voz, do cheiro da mãe.

O olhar da mãe é um aspecto essencial nesse contato primário. Muitos animais recém nascidos dependem das lambidas da mãe para sobreviver. Assim como para todos os mamíferos, para o bebê humano, o toque é extremamente importante - é vital. Podemos dizer que o toque para o bebê humano equivale às lambidas da mãe para os bebês animais - não é possível ter um funcionamento saudável sem ele.

Nesse momento, o tato é o sentido mais desenvolvido no recém-nascido. Ele é o primeiro a se tornar funcional no homem e nos animais, é o primeiro a se desenvolver no embrião humano.

A pele é o maior órgão sensorial do corpo e é através dela que os bebês começam a perceber e explorar o mundo.

Ela é envolvida profundamente no crescimento e desenvolvimento do organismo, não apenas físico mas também comportamental. O seu crescimento e desenvolvimento continuam no decorrer da vida e o desenvolvimento da sua sensibilidade depende do tipo de estimulação ambiental recebida.

Ashley Montagu, em seu livro "Tocar – o significado humano da pele" nos conta que existe uma lei embriológica geral que diz que quanto mais cedo se desenvolve uma função, mais fundamental ela provavelmente é. Lá também arrisca que, talvez, depois do cérebro a pele seja o mais importante de todos os nossos sistemas e órgãos. Considera o sistema nervoso a parte escondida da pele, ou a pele a parte exposta do sistema nervoso.

Então, fiquemos atentos à função do toque.

Os bebês sentem o mundo pela pele, através da experiência do toque vão percebendo o cuidado materno. Os contatos afetivos são essenciais nos primeiros meses de vida. Os bebês que são tocados e acariciados desde o princípio da vida, têm maior facilidade em se comunicar, se aproximar e se relacionar com outras pessoas.

Além dos efeitos positivos no sistema imunológico dos bebês, tornando-os mais resistentes à doenças, do alívio de cólicas, melhora na digestão, ativação da circulação. Massagear o bebê, além de reduzir seu estresse e relaxá-lo, promove sua interação com a mãe. A experiência de ser tocado ou sua ausência, afeta imensamente o comportamento atual e futuro do bebê. Essa estimulação tátil é de significado fundamental para o desenvolvimento de relacionamentos emocionais e afetivos saudáveis.

As impressões tidas nessa época marcam o ser humano para a vida toda.

Após analisar diversos estudos, Montagu concluiu que:

O toque é uma necessidade comportamental básica, na mesma proporção em que respirar é uma necessidade física básica.

Nós, humanos, estamos destinados a crescer e a nos desenvolver socialmente por meio do contato, e por toda a vida, a manter contato com outros. Quando a necessidade de toque permanece insatisfeita, resultará em um comportamento anormal.

A Biodinâmica toca em outras teorias


A Psicologia Biodinâmica atual, em nosso país, é significativamente influenciada pela obra do pediatra e psicanalista Donald Winnicott, que enfatiza a importância da relação mãe-bebê e fala das consequências causadas pelas falhas do cuidado materno na fase inicial de desenvolvimento emocional do bebê.

Para ele, quando o bebê nasce, sua psique não está habitando totalmente o corpo. E para que isso aconteça satisfatoriamente, que haja essa integração psicossomática é necessário o que ele chama de um manejo suficientemente bom da mãe e de um ambiente de holding.

Mas o que exatamente é isso? Esse manejo se refere aos cuidados maternos, à capacidade da mãe de atender às necessidades do bebê de uma forma adaptativa, respeitando a individualidade dele, os ritmos dele, sem receita de bolo. Respeitando o seu ritmo de se alimentar, de dormir.

E o que é esse tal de holding? O ambiente de holding é um ambiente promovido (por aqueles que cuidam do bebê) com estabilidade emocional e protegido do excesso de estímulos sensoriais (luz, som, temperatura, movimentação), evitando choques ou reflexos de sobressalto que poderiam perturbar a experiência de continuar a ser do bebê.

Para Winnicott, o que provoca o trauma é a repetição e a intensidade da falha materna – tanto da mãe pessoa quanto da mãe ambiente.

Afinal toda mãe é humana e certamente vai falhar em algum momento. Porém, o excesso de falhas no atendimento às necessidades do bebê totalmente dependente, tira o bebê do seu estado de tranquilidade e acarreta respostas adaptativas ao meio (não espontâneas), como a submissão ou a reatividade, o que leva a formação de um falso self adaptativo.

Na sua experiência clínica com pacientes regredidos, ele percebeu que a relação terapêutica pode trazer reparação aos traumas primários vivenciados. Nessa abordagem, o psicoterapeuta assume o lugar de mãe suficientemente boa, estando atendo às necessidades do paciente, ao cuidado com ele. A prioridade é o manejo e as necessidades de holding no setting terapêutico e não as interpretações dos desejos do sujeito.

Em sintonia com essa proposta, a Psicoterapia Biodinâmica propõe um setting acolhedor, seguro, sem imposições, que busca adaptar-se ao ritmo do paciente. É baseada na relação terapêutica.

Busca não invadir e sim deixar vir o que há dentro do paciente, facilitando a retomada e a expressão da sua espontaneidade. Promove o encontro do paciente com a sua Personalidade Primária, ou seu self verdadeiro, como diria Winnicott. Diz-se que é a mais psicanalítica das terapias neorreichianas pela sua não diretividade e pela posição do paciente, que pode ficar predominantemente deitado durante a sessão.

Toque físico na prática terapêutica


Mas, apesar desses conceitos que tanto validam o toque no contato mãe-bebê, Winnicott não propõe o toque físico na sua prática terapêutica. Aí entra a singularidade da Psicologia Biodinâmica, onde o toque pode ser uma ferramenta significativa nesse processo de reparação da falha materna.

Tocar: pôr a mão em, pegar, apalpar; pôr-se em contato com, encontrar-se. Aproximar-se de.

Tocar também é definido como “a ação ou o ato de sentir alguma coisa com a mão”.  O termo operacional é sentir. Embora o tato não seja uma emoção, seus elementos sensoriais induzem alterações neuronais, glandulares, musculares e mentais, que combinadas, denominamos emoção.

Quando dizemos que fomos “tocados” por alguma situação queremos dizer que ficamos emocionalmente mobilizados. Quando dizemos que alguém está “tocado profundamente”, o verbo tocar passa a querer dizer “ser sensível”. Dizer que alguém é cheio de “não me toques” significa que é hipersensível. “Manter contato” significa que independente da distância entre duas pessoas, elas continuam se comunicando.

As experiências pelas quais o bebê passa em contato com o corpo de sua mãe são seu meio primário e fundamental de comunicação, sua primeira linguagem, sua forma inicial de entrar em contato com outro ser humano. Toque é contato e provoca uma sensação muito significativa no ser humano. A massagem propicia esse contato.

Se pensarmos nas metáforas usadas na comunicação popular, a pele é quase universalmente usada em metáforas para a sobrevivência. “Vai sentir na pele as consequências”, “vai ser esfolado vivo”. A pele permite comunicação: capta sinais de como está o mundo externo e sobre como estamos internamente também.

Muitas vezes, na prática clínica aparecem pessoas cujo trauma fundamental aconteceu em fases muito primárias do seu desenvolvimento emocional e a influência do conceito de “mãe suficientemente boa” de Winnicott na Psicologia Biodinâmica, junto com seu arsenal de técnicas corporais, contribui para a reparação dessas falhas e para a retomada do desenvolvimento emocional do paciente em processo terapêutico.

A massagem biodinâmica é uma técnica que busca essa reparação e o setting é o lugar seguro e confiável, onde o paciente pode ser ele mesmo, reviver suas questões, expressar suas emoções, rir, chorar, se indignar e ser acolhido nesse momento, exatamente como é, como está.

Isso pode diminuir as reações reativas que foi se formando ao longo de sua história e deixar mais livre o seu jeito de ser e estar no mundo, se desenvolvendo emocionalmente, se sentindo mais integrado e podendo descobrir o seu próprio processo de autorregulação e bem estar. Com isso temos o resgate da espontaneidade e a liberação do potencial criativo para investir na sua forma de se realizar.

O toque, nesse contexto de atender às necessidades do paciente, permite que ele experimente sensações diversas que precisam ser resgatadas, vivenciadas pela primeira vez, enfim, propõe a saída de um padrão de comportamento duro e inflexível, que até então era o único realmente conhecido por ele.

Ao se sentir acolhido, aceito, criar vínculo com o psicoterapeuta, ele se torna mais fortalecido – sua energia vital fica mais livre para descobrir novas formas mais prazerosas e saudáveis de se expressar e se relacionar. Cada pessoa que chega à uma sessão é única, com um corpo e uma história únicos. E está ali num momento único de sua vida também.

Nós, psicoterapeutas, quando nos colocamos em contato e realmente inteiros e disponíveis para aquele paciente que chegou ali, nos deixamos tocar por ele. É preciso se deixar tocar, para então poder ter o discernimento de qual a intenção do nosso toque naquela pessoa, naquele momento. Seja esse um toque físico realmente, ou um toque de olhar.

Ao perceber o que ele desperta em nós, tendo consciência de quem somos e de nossas necessidades, podemos nesse momento nos conectar com aquele à nossa frente e com as necessidades dele naquele momento. E então, posso me perguntar, como eu – esse psicoterapeuta que sou – posso tocá-lo para acolher e permitir o processo dele.

E isso tudo é tão natural que nem é pensado assim, racionalmente estudado, não!

É aquele tipo de ação que parece acontecer automaticamente, mas que se baseia nas informações que você tem guardadas na sua caixa de ferramentas interna, e que se ligam e te dão um retorno imediato. Nessa hora, a teoria que está lá guardada se une ao seu autoconhecimento, à sua capacidade de respeitar o processo do paciente, à sua confiança na capacidade dele de se desenvolver, ao conhecimento que tem prévio dele, e se traduzem na sua ação.

Quando o paciente chega, o terapeuta o escuta e acolhe e então esse diagnóstico acontece internamente e dá a direção do “toque” a ser dado ao paciente.

E a ética?


E de repente, você pode estar se perguntando: e a ética? Como fica a ética nesse tocar fisicamente o paciente?

O psicoterapeuta é formado por elementos dele mesmo como pessoa: honestidade, autenticidade, aceitação de quem é, respeito pelo próximo, tolerância. Quanto mais ele estiver consciente e em contato com quem é, melhor e mais ética será a sua relação com seu paciente. O próprio desejo de ajudar pode ser muito perigoso.

Por isso, a importância de um processo de autoconhecimento por parte do psicoterapeuta. Para não assumir a postura de que é ele quem sabe tudo, quem sabe o que é o melhor para o paciente e deixar de enxergar realmente a pessoa que ali está. Esse é um lugar de poder tentador.

E quando falamos de contato com o corpo do paciente, isso é muitíssimo importante. A sabedoria do caminho da cura ou de desenvolvimento está na própria pessoa, mesmo que ela não tenha a menor noção disso.

É papel do psicoterapeuta ir “lendo” o que ela traz nas palavras, na postura, na história, no tom de voz, no olhar. Se conectar realmente com ela, se deixar tocar e então ajudá-la a descobrir o seu caminho.

E a massagem, um exercício corporal ou um toque podem ser uma ferramenta importante para descobrir-se, e descobrir o caminho. Lembrar sempre que esse corpo é a “casa” onde moram todas as memórias e vivências carregadas de emoção dessa pessoa.

O toque é sempre respeitoso. A ética se faz aí, nesse respeito aos limites de cada um. E só conhecendo e “ouvindo’ a pessoa é que se sabe quais são.

Gosto muito de contar sobre a abordagem que uso aos pacientes que me procuram. Eu explico que posso propor massagens, toques ou exercícios corporais, no momento em que eu perceber que isso pode auxiliar no seu processo. Porém, eu explico também a importância do paciente me dizer se não estiver à vontade, pois isso só vai me ajudar.

As pessoas têm receio de ir contra uma proposta do terapeuta justamente porque ele está nesse lugar de “poder”, de “saber”. Então nós somos os primeiros que temos que sair desse lugar para dizer ao nosso paciente que ele é quem sabe dele, que nós estamos aqui para ajudá-lo a desvendar esse mistério. E sempre, no momento da intervenção do toque, pergunto se posso.

Claro que além disso, uso o que conheço sobre aquela pessoa, olho-a e percebo como isso provavelmente chegará nela. E os pacientes vão nos dando dicas de como se sentem com isso. Alguns deixam bem claro a diferença que o toque faz: “Nossa, quando você toca saio mais leve, parece que tudo se reorganiza”.

Outros têm dificuldade em relaxar o corpo e ainda o mantém meio “comprimido”, mostrando que é preciso ir devagar, respeitando-o, gerando confiança, sem invadir. É como o abraço, quando conhecemos as pessoas e depois as reencontramos não abraçamos todas da mesma maneira, percebemos aquelas com abraço de urso, bem próximo e apertado, e aquelas que precisam manter mais distância.

E ao nos darmos conta disso, vamos chegando com o nosso jeito de abraçar, mas também respeitando o nível de contato do abraço do outro.

Eu digo que na clínica é assim que vamos vendo sobre o toque na particularidade de cada relação terapeuta-paciente.

Precisamos lembrar que uma resistência por parte do paciente significa um limite, e tem seus motivos de estar ali. Isso faz parte da defesa do paciente e da manutenção da sua integração. É preciso respeito e acolhimento. Isso tem que acontecer também com o toque.

A proposta da massagem biodinâmica não é destruir as resistências físicas/emocionais, mas sim fazer “amizade com elas”, chegando de mansinho de forma a dar segurança e que elas naturalmente não precisem mais existir ali.

Para a Biodinâmica, a ética do psicoterapeuta está extremamente ligada à sua própria capacidade de autorregulação, de seguir o princípio do prazer, de respeitar-se e então respeitar o paciente e seu processo. A pessoa ética está em contato com a energia vital dentro dela. E não com imposições externas, técnicas ou sociais. Pode então fazer contato com a energia vital dentro do outro.

O convite do toque


O alojamento da psique no corpo do bebê – ou personalização – é um processo que depende do manejo da mãe.

Esse manejo implica que o bebê não só seja prontamente atendido nas suas necessidades básicas, como também que seja tocado, acariciado, embalado, afagado, massageado. Quando o cuidado materno favorece a integração psicossomática, o eu do bebê é sentido como contido nos contornos dados pelo limite da pele. O toque propicia ao bebê a percepção dos limites do seu corpo.

Assim também é com o paciente.

O toque convida para uma experiência pré-verbal, uma forma primitiva de comunicação. Por isso a importância da intenção do toque: o que passamos naquele toque. A massagem pode fazer com que o paciente perceba, de um modo bem concreto, que ele está recebendo atenção e cuidado, que alguém o conhece e reconhece, que aquele tempo é só dele. Que alguém enxerga e valoriza as suas necessidades.

Quando Winnicott nos fala em “holding”, ele se refere também ao suporte dado ao bebê ao segurá-lo fisicamente com segurança e amor.

Não são somente os bebês que se beneficiam do contato físico, que podem sentir-se mais seguros e conectados através do toque. Estão ai as diversas modalidades de massagens terapêuticas e seus benefícios. Por que não podemos aproveitar esse conhecimento do ser humano integrado corpo/mente/emoção para contribuir no processo terapêutico?

A Massagem Biodinâmica proporciona ao paciente momentos de fortalecimento do seu eu, para assimilar os conteúdos inconscientes.

É preciso um profissional preparado que leve ao paciente a sensação de holding, que o faça sentir concretamente a existência de alguém atento a ele. Nesse processo, o paciente aprende com o terapeuta a cuidar de si, se olhar e perceber pelo toque com o qual tomou contato na sessão terapêutica.

Quando o terapeuta toca o paciente, entra em contato com seu corpo, com sua história, com suas emoções. Mais do que isso, quando o terapeuta toca o paciente, propicia que este entre em contato com seu corpo, com sua história, com suas emoções. E, isso sim, é transformador.

Na Psicoterapia Biodinâmica, o tocar se refere principalmente à Massagem Biodinâmica, em toda sua variedade de técnicas e toques.

E para você, colega de outra abordagem, que viu sentido nisso tudo que aqui está, como seria esse toque?

O toque pode ser na mão quando você quer dizer que está ali, ao lado do paciente e quando não há palavras a dizer, só a companhia para ele se expressar. O toque pode ser no peito, quando você quer ajudá-lo a entrar em contato com o que vai lá dentro dele. O toque pode ser na cabeça, apoiando-a para que ele possa descansá-la de tanto pensar.

O toque sempre tem uma intenção e isso tem que fazer sentido pra você. Assim, o paciente o sente também.

Ajudar o paciente a entrar em contato com sua respiração, percebê-la, também pode ser feito com seu toque com as mãos no peito e no abdômen, pressionando durante a expiração. Seu toque pode ser de auxiliá-lo a perceber a tensão em seus ombros e se conectar com a sua causa. Seu toque firme nas costas podem ajudá-lo a sentir-se apoiado ao firmar um compromisso com ele mesmo.

Enfim... infinitas possibilidades, porém quem sabe o que e como pode ser feito, só pode ser você, terapeuta. Sempre respeitando a si e ao paciente. Achando a forma de vocês nessa relação.

Lembrando que para tocar o outro é importante que o psicoterapeuta tenha contato com a sua própria capacidade afetiva. O cuidar de alguém fisicamente exige uma disponibilidade diferente da usada somente no cuidado verbal.  A pessoa que toca, vai descobrindo em si capacidades que pode desenvolver e aprimorar.

Outro ponto importante é a percepção e o desenvolvimento da capacidade de comunicação não verbal do terapeuta. É preciso perceber a comunicação não verbal do paciente e perceber-se também: o que você está comunicando? Saber o que o leva a tocar, por que tocar. O toque nunca vem quando não se sabe o que fazer ou sem intenção nenhuma.

Ah, e lembrando lá do começo do texto: não esqueça que tocamos e somos tocados todo o tempo na vida e na relação terapêutica também. Então, mesmo que não toque fisicamente seu paciente, use todas as dicas e cuidados para as outras formas de tocá-lo: com seu olhar, com seu tom de voz, com sua postura, com suas palavras.

E perceba, como você pode dizer a ele:

“Eu estou aqui com você agora. Eu te enxergo e me importo com você. Não é preciso julgar nem interpretar as suas necessidades e emoções. Simples assim. O que você precisa nesse momento?”

Ah, quer saber mais sobre o toque na psicoterapia? Leia “O Toque na Psicoterapia – Massagem Biodinâmica”, você vai gostar!

Autor Luciana Calazans

Luciana Calazans

@bemviveredesenvolver

Luciana Calazans quer compartilhar com você essa abordagem apaixonante que integra corpo e emoção e mostrar que é possível, sim, buscar e criar formas mais eficazes de ser e estar no mundo a partir da própria essência. Encantada pela capacidade humana de transformação e pela sua força vital, acredita no desenvolvimento do potencial latente no indivíduo ou grupo, pessoal ou profissional - no Desenvolvimento de Pessoas. É Psicóloga (CRP 06/85520), Psicoterapeuta Biodinâmica e Coach de Desenvolvimento de Mulheres.

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