Manual de Construção de Documentos Psicológicos

De forma geral, os psicólogos têm muitas dúvidas com relação à construção de documentos profissionais. E, apesar de todas as áreas utilizarem esta ferramenta, ela é obrigatória no processo de Avaliação Psicológica e, por isto, vamos tratar deste assunto aqui no canal 1...2...3...Testando. 

Mas, como era de esperar, vou puxar a sardinha para a construção de documentos dentro da Avaliação Psicológica. Como em todo documento, é importante que a escrita e as palavras contidas sejam bem estruturadas e posicionadas, para evitar interpretações erradas. Principalmente em casos de documentos utilizados em ações judiciais.

Nós sabemos o poder das palavras, então se certifique sempre que não há dupla interpretação.

Em conjunto, assim como todas as ações que permeiam nossa vida profissional, é necessário respeitar os princípios éticos. Isto quer dizer que pontos básicos da relação com o examinando, ou informações que não são pertinentes para o documentos, devem ser resguardadas.

O documento deverá conter somente o necessário para responder e atender ao que foi questionado. Nada mais.

É preciso estar atendo para que este não tenha o poder causar prejuízo para o indivíduo em questão, mas sim, de auxiliá-lo e orientá-lo. Outro ponto importante, é que todos os documentos têm um caráter dinâmico. Ou seja, é avaliado de acordo com o momento em que o processo foi realizado.

Em uma situação hipotética, imagina que o examinando chega até você e, de acordo com o processo e ferramentas, você chega à conclusão que este sujeito está apto a trabalhar. Ele sai dali, cai e bate a cabeça de maneira à ocasionar um coágulo no córtex pré-frontal e altera o comportamento dele.

Tá. É trágico e eu dei uma exagerada.

Mas é pra te dar uma dimensão do quanto à análise diz sobre o momento da realização da avaliação e não pode dizer do depois. Apesar do documento ter uma validade de 5 anos, alguns testes que podem ter sido usados como ferramenta neste documento, tem validade de somente 1 ano. Então diga respeito da conclusão tirada naquele momento.

Por isso, prefira frases como que permitam flexibilidade e o uso da palavra “pode” para que examinando não seja rotulado.

Exemplo: De acordo com a data em que foi realizado o processo de Avaliação Psicológica (diz do momento que foi realizado) o examinando apresentou como resultado atenção baixa, que pode (estamos apontando, e não rotulando) sinalizar...

Agora que você já norteou seu conhecimento dos documentos em geral, vamos falar de cada um especificamente.

Tipos de Documentos


São 4 os tipos de documentos que um Psicólogo pode emitir: Declaração, Atestado Psicológico, Relatório ou Laudo Psicológico e Parecer.

Cada documento é utilizado para um tipo diferente de solicitação e tem características diferentes que os definem. Por isso, vamos falar sobre cada um separadamente, apresentando o objetivo e situação que devem ser utilizados e quais informações deve conter.

1) Declaração

É um documento que relata fatos objetivos como, por exemplo, declarar que o paciente/cliente compareceu ao atendimento, que o examinando estava presente em determinado dia e hora realizando o processo de Avaliação Psicológica, que alguém é um paciente/cliente por determinado período de tempo.

Percebem que diz muito com relação do dia, tempo e hora que você esteve presente ou em acompanhamento com o seu paciente ou cliente.

Na sua construção deve ter informações como:

  • Nome da pessoa que solicitou a declaração ou o nome da empresa, se for o caso;
  • O objetivo do documento;
  • As informações que foram solicitadas;
  • Local e data de expedição;
  • Nome completo e CRP do psicólogo responsável,
  • Assinatura.

2) Atestado Psicológico

Este documento tem como objetivo certificar determinada situação ou estado emocional, justificar ou solicitar faltas ou períodos que o paciente/cliente ou examinando ficará ausente, assim como dispensa de alguma atividade e, se este está apto ou não a exercer atividades específicas.

Sendo que, em situações de solicitação de afastamento ou dispensa é necessária a utilização do CID (Código Internacional de Doenças) com o código do diagnóstico devidamente esclarecido.

Na construção deve ter informações como:

  • Nome da pessoa que solicitou a declaração ou o nome da empresa, se for o caso;
  • O objetivo do documento;
  • A informação solicitada a partir do sintoma, situação ou condição que justifica o atendimento pelo profissional de psicologia e se será necessário afastamento ou falta;
  • Local e data de expedição;
  • Nome e CRP do Psicólogo responsável;
  • Assinatura.

3) Relatório ou Laudo Psicológico

Já neste documento será apresentada a descrição da situação ou condição psicológica e suas determinações históricas, políticas e culturais levantadas no processo de Avaliação Psicológica. Este é o modelo de documento mais amplo e completo dentre todos, com mais informações e por isso o que necessita maior cautela para não expor o examinando.

Na sua construção deverá conter informações como:

Identificação

  • Autor ou quem está elaborando o documento – que pode ser diferente de quem está solicitando;
  • Nome e CRP do Psicólogo Responsável;
  • Nome e sobrenome de quem está solicitando e, em caso de empresa, o nome da empresa;
  • Objetivo do processo (é a finalidade do documento);
  • Motivo, que é o que fez aquela pessoa ser encaminhada para submissão ao processo de Avaliação Psicológica.

Descrição da demanda

  • Deve ser um texto corrido com informações referentes a demanda apresentada no tópico “Motivos”, bem como, razões e expectativas que fizeram com que este documento seja solicitado;
  • Apresentação de uma análise que justifique o procedimento utilizado para tal demanda, o porquê de fazer uma Avaliação Psicológica.

Procedimento

  • Você vai dizer das ferramentas e recursos utilizados, como foram coletadas as informações de acordo com o referencial técnico e sugiro que de preferência cite a fonte de suas informações.

Neste momento você explicará o porquê de cada ferramenta utilizada de acordo com as teorias e abordagem que direcionam o seu trabalho.

Análise

  • Apresentar uma descrição, de forma sistemática de tudo que foi realizado e como as informações foram coletadas.

Neste momento tome cuidado para não trazer informações além da objetividade do documento. Como é muito extenso, talvez você se empolgue e descreva demais, mas esteja atento a relatar somente sobre o que foi solicitado.

Conclusão

  • Você vai apresentar os resultados que encontrou com o processo de Avaliação Psicológica ou outro que tenha utilizado e suas considerações a respeito da investigação (se houve alguma dificuldade, por exemplo, que pode deixar dúvidas).

E, juntamente a sua conclusão como profissional competente e lindo que é:

  • Local e data de expedição;
  • Identificação do Psicólogo Responsável com nome e CRP;
  • Assinatura.

E, por fim, mas não menos importante:

4) Parecer

O Parecer é um documento com o objetivo de informar sobre uma questão focal no campo psicológico, que tenha um resultado já conclusivo. É a apresentação da opinião, como profissional da Psicologia, sobre determinado fato ou assunto. Na construção deste, deve conter informações como:

  • Pessoa (com nome, sobrenome, formação e registro) que solicitou ou empresa;
  • No caso da solicitação ter sido realizada para outro profissional, mas este quis te consultar para uma opinião psicológica, deve conter o nome deste outro profissional, sua formação e registro.

Por exemplo: Um juiz pede para um médico fazer um documento e este te procura para você dar um parecer psicológico sobre a situação levantada pelo médico. Deve conter o nome, formação e registro do juiz e do médico.

  • Esclarecer os motivos que fizeram procurar seu parecer, bem como das dúvidas e hipóteses demandadas pelo solicitante;

No caso do nosso exemplo, seriam as dúvidas a hipóteses do juiz e do médico.

  • Análise detalhada sobre a hipótese ou questão demandada, embasada de forma técnica, na qual sugiro novamente colocar as referências dos conteúdos expostos;
  • Conclusão do questionamento juntamente com o posicionamento solicitado;
  • Local e data de expedição;
  • Identificação com nome e CRP do psicólogo responsável;
  • Assinatura.

Atenção!


Em todos os documentos é necessário assinar em todas as páginas, para que nada nem ninguém incluam folhas e informações no meio que não sejam verdadeiras

Afinal, o seguro morreu de velho não é mesmo?!

Espero que vocês tenham gostado deste pequeno Manual de Construção de Documentos Psicológicos. Ele é um direcionamento para que você consiga construir e se posicionar frente outras situações e profissionais de forma ética.

Se tiverem dúvidas, sugestões e comentários, deixe aí embaixo que eu vou ter o maior prazer em responder!

Autor Tássia Garcia

Tássia Garcia

@tassiagarcia

Eu sou Tássia Garcia, psicóloga por formação e empreendedora por vocação. Aprendi estudando, errando e praticando que ser Psicóloga é muito mais que eu aprendi na graduação. Atualmente utilizo meus conhecimentos em avaliação psicológica, inovação profissional e a experiência como coach e consultora para auxiliar outros profissionais a se posicionarem no mercado, construir estratégias de marketing e terem maior reconhecimento.

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