Como a separação de Pitt e Jolie e do William Bonner e Fátima Bernardes pode influenciar o casal em terapia

Recentemente foi divulgada a separação do William Bonner e da Fátima Bernardes, que estavam há 26 anos juntos. Poucas semanas depois, mais uma separação caiu na mídia: Brad Pitt e Angelina Jolie, que estavam juntos há 11 anos. Ambos os casais formados por pessoas bonitas, bem sucedidas, ricas, aparentemente bem estruturadas, com filhos e com um relacionamento longo e estável.
Parecem casamentos perfeitos, certo?
Errado!
Eles também possuem problemas nos seus relacionamentos, assim como nós, meros mortais.
Como isso pode influenciar o casal que está em terapia?
Muita gente vê os relacionamentos alheios e acha que eles são perfeitos, pois levam em consideração apenas o que sai na mídia sobre os casais famosos, o que a amiga posta no facebook sobre o seu namoro, a aparência que os vizinhos passam sobre o seu casamento… Elas veem toda essa perfeição e quando comparam com o seu relacionamento se sentem frustradas e acham que o seu casamento é um lixo.
Claro! Elas estão comparando a dura realidade com a imaginação idealizada.
Fazer essa comparação (e perder sempre) costuma gerar bastante frustração e tristeza.
Agora, imagina quando temos, aliado a essa comparação (e perda) a notícia de que um desses casais que a pessoa imaginava ser perfeito e à prova de separações, se separa?! A pessoa praticamente perde a fé no amor (e não, eu não estou exagerando).
Muitos casais realmente se desmotivam, pois acreditam que “se nem eles, que tinham um casamento perfeito, conseguiram ficar juntos e se separaram, como eu, que tenho um casamento cheio de problemas, vou conseguir resolver tudo isso? Impossível!".
Elas passam a se desqualificar e a desqualificar a sua capacidade de melhorar a relação e, com isso, podem acabar desistindo de tentar, já que acreditam estarem fadados ao fracasso.
Para trabalhar essas questões com o casal, tem uma historinha que eu gosto bastante:
“Tinha um casal de idosos que todo dia assistia tv de mãos de dadas, sentados no sofá. Esse casal tinha uma vizinha, que freqüentemente batia na casa deles para conversar ou pedir alguma coisa, uma xícara de açúcar, uma receita… E toda vez que essa moça batia na casa deles, ela encontrava a mesma cena: o casal de velhinhos sentados no sofá, vendo tv de mãos dadas.
Até que um dia ela bateu na porta do casal e encontrou a senhora sozinha.
Ela perguntou o que tinha acontecido com o marido da senhora e a mesma respondeu que ele havia falecido. A moça ficou muito chocada e comovida e falou que achava lindo o fato deles sempre estarem assistindo tv de mãos dadas, todos os dias.
E, para a sua surpresa, a senhora respondeu que eles já não eram mais um casal há muito tempo, que o seu relacionamento era abusivo e que ele a “obrigava" a ver tv de mãos dadas todos os dias, o que ela odiava.”
Gosto de usar essa história para exemplificar que nem sempre as coisas são como a gente imagina. E, por isso, é impossível comparar os relacionamentos, pois não dá pra saber o que realmente está acontecendo “lá dentro”.
Mesmo quando conhecemos muito uma pessoa, uma amiga, por exemplo, e ela nos conta detalhes do seu casamento, mesmo assim não é possível comparar, pois a pessoa não está dentro da situação, não está sentindo os mesmos sentimentos que a outra.
Muitas pessoas tendem a achar que a grama do vizinho é sempre mais verde e que a sua situação é pior que a dos outros, sendo impossível de resolver.
Nestes casos, cabe uma intervenção do terapeuta de casal, no sentido de orientá-los sobre como é importante apenas comparar o seu relacionamento com ele mesmo. Por exemplo, comparar como o casal está atualmente e como ele quer estar daqui a algum tempo, ou ainda, como o casal estava há 6 meses e como está agora, para verificar quais mudanças ocorreram.
Além disso, é importante entender o que o casal chama de casamento perfeito/ideal e desmistificar essa ideia, pois se tentarem incessantemente alcançar a perfeição, apenas acumularão frustrações, já que a perfeição é impossível.
Outro ponto importante a ser trabalhado é a desqualificação da sua capacidade de resolver os problemas, mas como esse é um assunto muito extenso, merece uma atenção especial e um artigo só para ele futuramente. O objetivo desse artigo foi focar na comparação que o casal costuma fazer do seu relacionamento com outros e sugerir uma possibilidade de trabalho com o casal em terapia.

Renata Azevedo
@renataazevedo
Renata de Azevedo é psicóloga, especialista em Terapia de Família e Casal, pela UFRJ. Possui formação em Análise Transacional e é coautora do livro “A Arte da Guerra”, da ed. SerMais. Acredita no amor e nos relacionamentos duradouros, saudáveis e felizes. Ama ajudar as pessoas a melhorarem os seus relacionamentos. Antigamente, detestava falar em público, mas hoje é uma das coisas que mais gosta de fazer.
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