Posicionamento de Mercado para Psicólogos (Parte 1)

O artigo que você vai ler agora, é a adaptação de um trecho extraído de meu curso “Empreendedorismo para Psicólogos”.

Embora o curso não esteja “inserido” na grade da Academia do Psicólogo, falaremos de algumas partes dele aqui neste canal. Obviamente, neste espaço as coisas não serão tratadas com a mesma profundidade do curso, mas o conteúdo é mostrado de forma que você possa, sem dúvidas, aplicar o conhecimento em sua realidade.

Para começar, escolhi tratarmos de um conceito chave para todo psicólogo que deseja empreender. É que a partir deste conceito, poderemos entrar em diversos subtemas no decorrer dos próximos meses.

O nome deste conceito é:

Posicionamento de Mercado


Quando falo sobre posicionamento de mercado com alguns psicólogos, eles coçam a cabeça e me olham torto, como se eu estivesse me referindo a algo mais complexo do que as teorias de Lacan. E acredite, não é complexo.

Na verdade é até bem simples.

Só que, como tudo que é realmente importante nesta vida, dá um pouco de trabalho para ser posto em prática.

Enfim, do que se trata o tal posicionamento de mercado e como aplicá-lo à realidade de um psicólogo?

Vamos a um pouco de história:

O conceito de posicionamento de mercado vem da área de marketing e foi muito popularizado por um guru chamado Phillip Kotler, ainda nos anos 1980. Posicionamento, dentro do universo do marketing, tem a ver com a maneira como algum produto ou marca é percebido pelo mercado.

Para usar uma metáfora mais familiar aos psicólogos, podemos dizer que é o lugar que alguma empresa, produto ou marca, ocupa no inconsciente coletivo. (Não, eu não sou psicanalista, mas respeito e valorizo muito a abordagem.)

Mas aí talvez você pense: “Eu não sou um produto ou uma marca, sou uma pessoa, um ser humano”.

Eu sei, eu também sou.

Mas do ponto de vista de mercado, seu nome, seu jeito, sua personalidade e aquilo que você oferece como serviço acabam fazendo parte de um conjunto que podemos chamar de sua “imagem pública”.

E neste sentido é sim, como se você fosse, de certa forma, uma marca.

Entenda uma coisa: Embora você seja uma pessoa e não uma empresa, – muito menos um produto inanimado - a lógica a ser usada para ter sucesso como profissional liberal na psicologia é quase a mesma que as empresas usam para vender serviços e produtos. A diferença está apenas em algumas particularidades, que veremos no decorrer do curso.

Desde já considere o seguinte: Como psicólogo, para ter destaque e ser procurado, você precisa se posicionar de maneira muito clara para seu mercado.

Especialmente para quem quer começar a construir um nome e atuar de forma independente, posicionamento é tudo.

Por isso estou começando o conteúdo do canal com este artigo. Aqui vou te ajudar a escolher “o lugar” que você vai ocupar no mercado, a forma como você vai ser conhecido pelas pessoas.

Eu, por exemplo, sou o sujeito que ajuda psicólogos a desenvolverem seus negócios de forma ética e inteligente. Tenho uma colega que é “a psicóloga que ajuda pais a educarem seus filhos de forma emocionalmente saudável”, e um de meus alunos é hoje “o psicólogo que trabalha com pessoas que tem “toc” e desejam lidar com isso de forma inteligente”.

E você, Quem é Você?


Ou melhor: Que lugar você ocupa – ou quer ocupar – na mente das pessoas?

Só depois de escolher este lugar você terá plenas condições de definir as melhores rotas de ação para se tornar conhecido e, consequentemente, atrair pessoas para seus serviços.

A verdade é que sem um posicionamento claro e objetivo, a tendência é de que você seja apenas mais um na multidão, assim como tantos psicólogos por aí, com os bolsos cheios de cartões de visita e os consultórios totalmente vazios.

Imagino que não é isto que você quer.

O que você - e todo psicólogo – provavelmente quer, é ser procurado por pessoas com interesse sincero em seus serviços. Pessoas que estejam dispostas a investir em sua saúde emocional e queiram que você as ajude nisso.

E aqui está o grande diferencial do posicionamento: Quanto mais claro fica para o mercado aquilo que você oferece, mais chances você tem de que as pessoas te procurem.

Agora uma breve reflexão:

Talvez você esteja pensando que alguns psicólogos, mesmo sem qualquer posicionamento claro de mercado, conseguem sucesso.

É verdade.

Certos psicólogos, seja por sorte, por competência ou por força de outras contingências, acabam conseguindo destaque em seus mercados sem ter que fazer muito esforço, sem definir um nicho específico (vou explicar isso melhor), e até mesmo sem usar técnicas de marketing.

É a típica situação do “psicólogo famoso” da cidade. Isto acontece especialmente em cidades de pequeno e médio porte, e se você vive em uma delas deve conhecer bem a situação.

Em certos lugares, enquanto a maioria dos psicólogos está com as salas e os bolsos vazios, alguns poucos têm clientes sobrando. Muitas vezes a coisa é mais drástica ainda, e apenas UM profissional comanda o mercado a ponto de não ter lugar em sua agenda.

Por Quê Isto Acontece?


Sinceramente, não existem pesquisas a respeito, - e talvez eu faça uma qualquer dia desses -  mas tenho algumas teorias bastante plausíveis, mesmo por que eu nasci e vivi muito tempo em uma cidade de médio porte, e conheço esta realidade de perto.

Muitos psicólogos sem trabalho, enquanto alguns, do “high society local”, tinham com suas agendas abarrotadas.

Por minhas observações, concluo que este fenômeno é uma convergência de fatores, como competência técnica, popularidade, alianças locais, financiamento prévio pela família e outras contingências que elevam estas pessoas ao topo de suas categorias na localidade onde estão.

A vida é assim. Às vezes, simplesmente acontece.

Importante notar que alguns destes profissionais são realmente muito competentes como psicólogos, e também sabem fazer marketing quase que por instinto. Já outros, simplesmente dão sorte e se estabelecem. Tornam-se, sem qualquer grande planejamento, “o psicólogo” da cidade.

Então podemos concluir que existem sim, psicólogos bem sucedidos sem qualquer noção prática de empreendedorismo ou marketing, mas o fato é que estes casos são exceções, e não a regra.

Como você deve saber muito bem, a maioria dos psicólogos no Brasil está longe de ter suas agendas lotadas, e muitos chegam a ter que fazer trabalhos paralelos ou mesmo abandonar a profissão para sobreviver.

Por outro lado, a boa notícia é que qualquer profissional de psicologia pode se estabelecer no mercado e aumentar sua clientela de forma totalmente ética e construindo deliberadamente seu sucesso.

Você não precisa contar com a sorte ou ser “de família aristocrática”, basta se posicionar de maneira estratégica, autêntica e engajada.

E é exatamente isto o que você vai aprender neste curso. Mais especificamente falando, neste módulo.

Está pronto?

Então vamos começar.

Identificando Seu Nicho


Ok, você se graduou – não importa se recentemente ou há muitos anos - te deram seu diploma e você ficou feliz da vida.

Pois bem, se você não quis tentar um concurso público e também não quis ser empregado em alguma empresa, provavelmente deve ter feito algo mais ou menos assim:

Providenciou uma sala, por conta própria ou em parceria com colegas, fez alguns cartões de visita bonitos com seu nome e seu CRP, talvez tenha feito até algum website simples, e pronto, começou a deixar cartões aqui e ali, e a esperar – ansiosamente - as coisas acontecerem.

E não aconteceram.

Pelo menos, não do jeito que você esperava.

A razão?

Não é assim que as coisas funcionam na psicologia.

Não basta alugar uma sala bonitinha, fazer cartões bacanas e distribuir pelas ruas. As pessoas aí fora, acredite em mim, não estão ansiosas para iniciar um atendimento psicológico, por diversas razões culturais, das quais falaremos no futuro aqui.

O buraco é mais embaixo.

Quando você apenas faz cartões e anuncia seus serviços, está sendo extremamente ingênuo, e são grandes as chances de que se frustre rapidamente. Aliás, o que não falta neste Brasil são psicólogos frustrados com a profissão.

Leia com muita atenção: Você precisa de estratégia.

Antes mesmo de se mover, de começar a gastar com divulgação, é preciso definir um foco para que sua energia, seu tempo e seu dinheiro não sejam gastos em vão.

E esta preparação, pode ter certeza, começa com você escolhendo o bendito do nicho de atuação.

Pois é, eu falo do tal nicho a torto e a direito, alguns profissionais de marketing digital também falam do assunto, e você talvez sinta que ainda não entendeu muito bem o que é o tal do nicho.

Pois vamos começar entender agora:

A palavra nicho não é exclusiva do mundo dos negócios, e na verdade tem vários significados, que vão desde “um buraco feito na parede para colocar algum objeto” até os chamados nichos ecológicos.

Pois bem, para nós aqui, nicho não é nada disso.  O nicho que nos importa é o chamado “nicho de mercado”.

Neste sentido, a palavra nicho se refere a um tipo específico de serviço a ser oferecido ou de público a ser atingido. Trata-se de escolher deliberadamente um segmento do mercado e concentrar seus esforços nele.

Atenção: seu posicionamento não se resume a seu nicho, mas seu nicho é a pedra angular de seu posicionamento.

Esta ideia, de escolher um segmento de mercado de maneira focada e concentrar seus esforços nele, é um conceito relativamente antigo no mundo do empreendedorismo e do marketing, e é tão importante para você por uma razão bem específica, que aliás, você vai me ver repetindo sempre:

Sua Ciência é a Psicologia, mas Você está no Negócio de Relacionamento


No fim das contas tudo se resume a encontrar pessoas com alguma necessidade ou desejo específico e passar a se relacionar constantemente com elas, entregando valor.

É isto o que eu faço, e provavelmente é por isto que você está aqui na Academia.

Só que este conceito – de encontrar um público e entregar valor - eventualmente assusta alguns profissionais, pois jamais pensaram a psicologia desta forma. De fato, não fomos ensinados a pensar nosso trabalho como um empreendimento.

Só que para quem quer atuar de forma independente com psicologia, isto é imperativo.

E atenção, se você tem uma pequena empresa - uma clínica de psicologia, por exemplo -  a lógica é a mesma. Você deve encontrar um foco e entregar valor.

Repito a palavra-chave: Relacionamento.

Tão importante quanto sua competência em psicologia, é sua habilidade para se relacionar com as pessoas e “comunicar” esta competência. Só que o mundo é muito grande e amplo, e é por isso que escolher um nicho é a forma mais prática de otimizar sua comunicação.

Preste bastante atenção nestas duas palavrinhas abaixo seguidas de um ponto de interrogação:

Quem e O Que?


Quem são as pessoas que você vai ajudar com seu trabalho, e o que você vai melhorar na vida delas?

Melhor dizendo, qual o grupo específico de pessoas às quais você vai dedicar seu trabalho, e que tipo de resultados você vai oferecer a elas?

Por exemplo, seu público alvo podem ser crianças que precisam desenvolver a aprendizagem, casais que você vai auxiliar a terem uma vida conjugal mais feliz, ou ainda jovens que desejam escolher com mais segurança que carreira seguir.

Se você tem uma clínica, seu público alvo podem ser escolas que desejam oferecer mais competência emocional a seus professores, ou instituições que queiram cuidar do bem estar psicológico de seus colaboradores.

Qual é o seu público? E aonde você os leva?

Eu, como já mencionei, ajudo psicólogos a desenvolverem seus negócios e a conquistarem clientes. Mas eu também tenho uma pequena empresa de consultoria, e na condição de consultor, dou suporte a empresas que desejem melhorar o desempenho de seus colaboradores através de desenvolvimento comportamental.

A pergunta que deixo, ao fim deste primeiro artigo é exatamente a mesma:

Quem você vai ajudar a fazer o que?

Pense, reflita, e me encontre no próximo artigo para aprofundarmos essa questão.

Autor Bruno Soalheiro

Bruno Soalheiro

@BrunoSoalheiro

Bruno Soalheiro é graduado em psicologia, pós graduando (MBA) em inteligência Competitiva e Inovação e Marketing, e autor do livro “Psicólogo Empreendedor, tudo o que você não aprendeu na faculdade”, usado como referência em cursos de psicologia no Brasil. Gamer, fã de heavy metal e apaixonado por animais, atualmente mora em Belo Horizonte com seu cachorro Banzé e os gatos Oliver, Maia e Nino. Nas horas vagas implica com as pessoas e se questionas sobre as origens do universo.

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